A importância de criar uma cultura DevOps nas organizações

Amanda Pinto
18 min readJun 25, 2018

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RESUMO

Criar uma cultura organizacional, mudar paradigmas exigem das organizações uma nova maturidade, que atualmente vem sendo exigida pelo mercado e pela extrema concorrência. Entregar produtos e serviços com qualidade exigem processos internos eficientes e que gerem satisfação do cliente. Então como fazer com que o ciclo de produção não tenha falhas que comprometam todo processo? Para se criar uma cultura DevOps em desenvolvimento de software é necessária esta evolução no modo de ser das organizações. Evoluir na aplicação de melhores práticas de desenvolvimento, testes, entrega de produtos e serviços. Ao longo do tempo muitas organizações já vêm atuando e evoluindo significativamente nesta evolução. São pequenos detalhes que começaram a fazer diferença na entrega de produtos com excelência junto aos seus clientes. Desenvolver habilidades, integrar equipes, desenvolver a comunicação e adotar uma nova mentalidade faz parte de uma nova cultura que vem sendo adotada por muitas empresas desenvolvedoras. Este artigo técnico se baseará em uma abordagem qualitativa exploratória, onde dados foram coletados por meio da pesquisa bibliográfica, com identificação de artigos voltados ao contexto metodologias ágeis, práticas DevOps. Foi realizado também uma pesquisa com profissionais da área de Tecnologia — com 46 profissionais da área de desenvolvimento de software em empresas localizadas no Brasil e identificado que já existe uma grande evolução na implementação de métodos ágeis e cultura DevOps nas organizações, mas ainda temos um grande caminho a ser percorrido, já que ainda existe baixa maturidade na disseminação e implementação da cultura, entretanto existem investimentos em tecnologia, ferramentas e metodologias pelas organizações.

Palavras-chave: Métodos ágeis. Mindset ágil. DevOps.

1 INTRODUÇÃO

Apesar de ser novo, o movimento DevOps já está muito difundido. Ele surgiu a partir de uma necessidade fundamental: simplificar os negócios por meio de esforços coordenados e colaborativos. Em outras palavras, o DevOps é resultado dos esforços das empresas para responder com rapidez às mudanças do mercado, cada vez mais dinâmico e concorrido. Ele é uma abordagem projetada para garantir que a alta qualidade de softwares chegue aos clientes com excelência e qualidade.

A mudança cultural traz consigo a cultura de confiança, da colaboração, da propriedade coletiva e do aprendizado. Sem esquecer da sinergia e da integração no time, indispensáveis para que os métodos ágeis sejam sinônimo de confiabilidade. De acordo com Pressman (2006), a agilidade pode ser aplicada a qualquer processo de software, basta que o processo seja projetado de modo que permita à equipe de projeto adaptar tarefas e aperfeiçoa–las, conduzir o planejamento, eliminar tudo exceto o trabalho mais essencial e manter simples, e enfatizar estratégia de entrega incremental.

Sendo assim se torna mais fácil o engajamento da equipe para o mesmo objetivo. Para isso, trabalha-se a entrega contínua que, por sua vez, exige dos profissionais envolvidos (desenvolvedores, testadores, usuários, produtos e pessoal de operações) maior colaboração. Isso acontece por meio de múltiplas articulações. Segundo o autor Sato (2013) o time precisa estar preparado para reagir de forma proativa e resolver o problema rapidamente. Devido à natureza dessas atividades, muitos departamentos de TI possuem uma divisão clara de responsabilidades entre o time de desenvolvimento e o time de operações. Práticas de DevOps ajudam a quebrar o ciclo vicioso através da automação de processos.

Inspirado no sucesso dos métodos ágeis, um novo movimento surgiu para levar a mesma linha de raciocínio para o próximo nível: o movimento DevOps. Este movimento vem quebrar a cultura tradicional onde quase não se havia interação entre equipes da TI e conforme destaca Sato (2013) o objetivo é criar uma cultura de colaboração entre as equipes de desenvolvimento e de operações que permite aumentar o fluxo de trabalho completado — maior frequência de deploys — ao mesmo tempo aumentando a estabilidade e robustez do ambiente de produção.

Além de uma mudança cultural, o movimento DevOps enfoca bastante nas práticas de automação das diversas atividades necessárias para atacar a última milha e entregar código de qualidade em produção, como: compilação do código, testes automatizados, empacotamento, criação de ambientes para teste ou produção, configuração da infraestrutura, migração de dados, monitoramento, agregamento de logs e métricas, auditoria, segurança, desempenho, deploy, entre outros.

Empresas que aplicaram essas práticas de DevOps com sucesso segundo Sato (2013) não enxergam mais o departamento de TI como um gargalo, mas sim como um agente de capacitação do negócio. Este estudo torna-se relevante para a prática profissional, pois trará subsídios para a compreensão e entendimento da importância da transformação cultural, crescimento da maturidade organizacional sobre os métodos ágeis e práticas DevOps, bem como conhecimento técnico sobre estes métodos.

Baseando-se neste cenário da importância onde é necessário criar, transformar, desenvolver novas práticas, interagir e gerar valor, questiona-se: Então como fazer com que o ciclo de produção não tenha falhas que comprometam todo processo? O objetivo deste artigo técnico é avaliar a importância de se implementar esta nova cultura junto as equipes de TI como um todo afim de promover a sustentação do ambiente e proporcionar entregas com qualidade, rapidez e motivação a todos os envolvidos no projeto.

Este artigo está organizado em seções, na seção dois será apresentada a metodologia de pesquisa que foi abordada neste artigo para sua construção e fundamentação, na seção três estão apresentadas a revisão de literatura dos conceitos que nortearam os estudos, na seção quatro são demonstrados os resultados e discussão para reflexão e na seção cinco é apresentada a conclusão e as limitações de estudo e recomendações de continuidade.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de abordagem caracterizado como uma revisão de literatura com um levantamento teórico com aplicabilidade prática para entendimento das melhores práticas disponíveis no mercado para implementar a cultura DevOps nas organizações e quais são as barreiras encontradas para introdução desta nova cultura. Conforme ressalta Merighi e Praça (2003), a revisão de literatura é importante pois proporciona ao pesquisador observar a forma como os seres humanos pensam, agem e reagem frente a questões focalizadas; proporciona também o conhecimento, a dinâmica e a estrutura da situação sobre estudo, do ponto de vista de quem a vivência; permite compreender experiências únicas; contribui para a compreensão entre a prática e o conhecimento, auxiliam na percepção dos valores e atitudes diante um problema ou situação.

O método abordado para pesquisa deste artigo técnico será a qualitativa, pois se faz uma relação entre o tema e as pesquisas realizadas nas organizações. O tipo de pesquisa utilizado foi a exploratória, onde envolveu levantamentos bibliográficos, entrevistas com profissionais da área de atuação e exemplos para melhor compreensão. Dando continuidade ao processo utilizado nesta pesquisa, dentre os procedimentos técnicos, foi utilizada a pesquisa bibliográfica e na modalidade documental, a utilização desse método reforça a preocupação analisar e utilizar a melhores técnicas e conhecimento relacionados ao tema em específico.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Aderência a Métodos Ágeis e DevOps:

Para um melhor entendimento sobre métodos ágeis e práticas devOps, serão apresentados alguns conceitos importantes e sobre a importância da transformação cultural e da maturidade organizacional.

3.1 Métodos Ágeis

Segundo Nerur (2005) a utilização de métodos ágeis no desenvolvimento de software tem como características intrínsecas a flexibilidade e rapidez nas respostas a mudanças. A agilidade, para uma organização de desenvolvimento de software, é a habilidade de adotar e reagir rapidamente e apropriadamente a mudanças no seu ambiente e por exigências impostas pelos clientes. Segundo o autor, os métodos ágeis compartilham valores como comunicação, feedback constante, colaboração com o cliente e constante adaptação são baseados no manifesto ágil. Os quatro princípios básicos do manifesto ágil mostram o que se espera de qualquer método de desenvolvimento desta categoria:

1. Indivíduos e interações sobre processos e ferramentas;

2. Software funcionando sobre documentação extensiva;

3. Colaboração com o cliente sobre negociação de contrato;

4. Responder às mudanças sobre seguir um planejamento.

Segundo Stallman (2001), em projetos ágeis o cliente é mais ativo durante o processo de desenvolvimento, determinando em conjunto com a equipe de desenvolvimento o que será desenvolvido, além de participar da validação. Os projetos ágeis também buscam estabelecer um tempo determinado e curto para entrega de novas releases do sistema, com o objetivo de trazer mais satisfação ao cliente. Já para Cohen (2004) da perspectiva do produto, métodos ágeis são mais adequados quando os requisitos estão emergindo e mudando rapidamente, embora não exista um consenso completo neste ponto. De uma perspectiva organizacional, a aplicabilidade pode ser expressa examinando três dimensões chaves da organização: cultura, pessoal e comunicação. Em relação a estas áreas, inúmeros fatores chave do sucesso podem ser identificados.

De acordo com Pressman (2011) as metodologias ágeis se desenvolveram em um esforço para sanar fraquezas reais e perceptíveis da Engenharia de Software convencional, para ele, o desenvolvimento ágil oferece benefícios importantes.

Para Sommerville, (2007) os processos de desenvolvimento rápido de software são projetados para criar software útil rapidamente. Geralmente, eles são processos iterativos nos quais a especificação, o projeto, o desenvolvimento e o teste são intercalados. Para o autor, o software não é desenvolvido e disponibilizado integralmente, mas em uma série de incrementos e, cada incremento inclui uma nova funcionalidade do sistema. Entre as metodologias ágeis existentes, ele classifica os mais comuns: XP, SCRUM, Lean e Kanban.

Segundo Mendes (2018) baseado também no que ele tem observado em sua rede de gestores, ele informa que que o método ágil já venceu o abismo da incredulidade no Brasil no público gerencial. A aceitação dos métodos ágeis está cada vez maior e mesmo aqueles que ainda não estão usando estão querendo se informar.

Mendes (2018) também adverte sobre a forma de escolha de métodos ágeis para se implementar em uma empresa, não se deve confundir métodos ágeis com Scrum. Existem muitos tipos de métodos ágeis e cada empresa pode se beneficiar de um tipo distinto de método para a sua realidade. Não é porque o método ágil venceu o abismo que ele vai ser aceito pela maioria tardia, que é um público muito mais cético. E necessário investir de acordo com a necessidade e objetivo de cada empresa.

3.2 DevOps

Segundo Wootton (2013), existe uma certa dificuldade das empresas desenvolvedoras na entrega de qualidade de seus produtos e satisfação dos seus clientes. Entregar software em produção é um processo que tem que se tornado cada vez mais difícil nas empresas de T.I., equipes ágeis encontram barreiras com o processo de entrega, mesmo o software estando “pronto” ao final de cada interação. A tecnologia por si só não oferece vantagem competitiva; as organizações estão descobrindo que os modelos tradicionais de desenvolvimento de software e de entrega não são suficientes e que as relações entre as equipes de desenvolvimento e operações que estão envolvidas nos projetos promovem grandes ganhos.

No entanto, a entrega de inovação de base tecnológica pode ser um diferencial competitivo e, quando sustentada ao longo do tempo, torna-se uma competência essencial. Inovação sustentada significa desenvolver continuamente novas ideias em software inovador, que por sua vez melhora continuamente o valor entregue aos usuários. Wootton (2013) ainda afirma que “os processos manuais são propensos a erros, quebras, desperdício e atraso de resposta às necessidades” assim ficando evidente que para determinados processos que envolvem atividades do software, a busca por automação evita e reduz falhas humanas.

Neste contexto para Hutterrmann (2012), devOps é uma mistura de padrões destinados a melhorar as colaborações entre desenvolvimento e operações. O DevOps aborda metas e incentivos compartilhados, bem como processos e ferramentas. Por causa dos conflitos naturais entre os diferentes grupos, metas compartilhadas e incentivos nem sempre podem ser atingidos. No entanto, eles devem pelo menos estar alinhados uns com os outros. O devOps respeita o fato de que empresas e projetos possuem culturas específicas e que as pessoas são mais importantes do que processos, que, por sua vez, são mais importantes que ferramentas. Seu objetivo é estabelecer mudanças rápidas e eficientes sem que o relacionamento entre os times seja prejudicado. DevOps oferece mais meios de comunicação e colaboração, o que resulta em produtividade e qualidade das entregas.

Enfim, defende Bradley (2018) que as operações são motivadas para resistir à mudança, porque isso prejudica a estabilidade e a confiabilidade. Esses objetivos fazem sentido independentemente uns dos outros, mas a organização tem que ser capaz de funcionar como um todo, o que significa deixar de lado agendas conflitantes e trabalhar pelo bem comum. Essa é a premissa do DevOps.

3.3 Mindset

Afinal do que se trata “Mindset”? Segundo Dweck (2017) mindset é uma palavra da língua inglesa que significa “mentalidade”, “atitude mental”, ou, ainda, “modelos mentais”. A mesma significa nossa forma de pensar, como a nossa mente está organizada e como nosso cérebro encara as situações que vivemos diariamente. Já a palavra ágil, refere-se àquele que se comporta ou trabalha de maneira eficaz e rápida; diligente, expedito e trabalhador; que acha uma solução rápida para; que se consegue desenrolar com facilidade; vivo e rápido.

3.4 Uma nova cultura, um novo mindset ágil

Segundo Brasileiro (2017) algo muito comum quando falamos de transformação ágil é de encontrarmos empresas e pessoas que são excelentes executoras de práticas. Será que realmente alcançamos todos os benefícios da agilidade? A resposta é não.

Para Brasileiro (2017), esse é o motivo é que encontramos definições de mindset ágil focados em resultados. Logo, ter um mindset ágil vai depender de como modelamos a mentalidade da organização ou contexto onde estamos, assim, como funciona com as pessoas. O autor criou um guia de boas práticas onde lista como começar a fomentar e criar uma perspectiva entre os liderados e em todo ambiente de trabalho. O objetivo de criar uma cultura é criar uma mentalidade e boas transformações no ambiente onde estamos inseridos:

Cultura do Crescimento — O objetivo é aprender, logo, fomentar o aprendizado das pessoas é fundamental para se ter um Mindset Ágil, aprender com os erros, fracassos e com os resultados do seu dia-a-dia.

Ter Metas e aprender com elas — Se não existem metas e objetivos para o seu time. Sem metas e objetivos, como seu time vai aprender a se auto organizar? Ou a se planejar? Ou melhor, a aprender a errar. Ter metas é essencial para a existência de um Mindset Ágil. É através delas que muito aprendizado acontece, por isso, tenha metas claras e objetivas.

Falhar é oportunidade de melhorar — Um dos grandes segredos dos métodos ágeis são os ciclos curtos de desenvolvimento. E um dos motivos para eles serem assim é criar a possibilidade de errar cedo. Errando o quanto antes, você e o seu time irão aprender mais cedo também. Porém, é necessário entender que todo erro deve ser uma oportunidade de melhoria e não uma sessão de apontamentos de dedo. Aprender com os erros e falhar é crucial para um mindset ágil.

Dominar as práticas — Dominar algo é resultado de muito esforço. Por isso para dominar práticas também serão também resultado de muito esforço do seu time e repetidas vezes. Por isso não se engane, para realmente você e seu time ficarem bons em algo, será necessário muito esforço. Logo, se adotou algum método ágil ou alguma prática não a deixe de lado antes de ter certeza que todos os esforços foram realizados. Esgote as possibilidades, afinal de contas, dominar algo não vai acontecer sem gerar incômodos ou gerar resistências.

Ser Resiliente — Mindset Ágil — Resiliência — Como você e seu time se adaptam aos novos desafios ou mudanças? Se adaptar rapidamente a novos cenários é algo que irá transformar o mindset do seu time. A reação e adaptação a resultados ruins ou situações desconfortantes será algo que irá ser fundamental para a criação de um Mindset Ágil.

Para Brasileiro (2017) este guia de boas práticas, mindset ágil, é ter uma mentalidade de grande adaptação e aprendizado frente aos desafios que surgirem. Apesar de ser de certa maneira simples de se explicar é algo bem complexo de se conseguir praticar. O autor informa que praticando estas recomendações você irá transformar a experiência das pessoas que estão ali com você e isso sem dúvida irá afetar o mindset de cada uma dessas pessoas.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diante de todo material documental e das entrevistas concedidas pelos gestores na área de desenvolvimento de software, profissionais que atuam ou que atuaram como gestores e/ou analistas em equipes de desenvolvimento de software em empresas brasileiras de pequeno, médio e grande, porte sendo a TI a área fim ou meio da empresa, no total de 46 entrevistados a análise e discussão destes resultados serão apresentados nos tópicos seguintes.

GRÁFICO 1 — Pesquisa sobre utilização de Métodos Ágeis

Fonte: PINTO et al[1]., 2018. (Entrevista a Profissionais do Setor de TI).

[1] PINTO, A. S. et al. A importância da automação de testes em devops. 2018. 92f. TCC (MBA em Métodos Ágeis e Práticas DevOps) — Faculdade Ietec, Belo Horizonte, 2018. Publicado.

Conforme demonstrado no Gráfico 1, existe a aderência de 70% dos 46 gestores entrevistados na pesquisa realizada. Nela é questionado se a organização onde o entrevistado trabalha já utiliza métodos ágeis no desenvolvimento de software.

Segundo Mendes (2018), os métodos ágeis já venceram um abismo da incredulidade no Brasil no público gerencial. A aceitação dos métodos ágeis está cada vez maior e mesmo aqueles que ainda não estão usando estão querendo se informar. Percebemos pela aderência dos gestores nas respostas concedidas, o que fundamenta as respostas.

GRÁFICO 2 — Pesquisa sobre Orçamento de TI específico

Fonte: PINTO et al., [1]2018. (Entrevista a Profissionais do Setor de TI).

[1] PINTO, A. S. et al. A importância da automação de testes em devops. 2018. 92f. TCC (MBA em Métodos Ágeis e Práticas DevOps) — Faculdade Ietec, Belo Horizonte, 2018. Publicado.

Uma outra forma de incentivo a esta nova mentalidade é a TI possuir um orçamento próprio, veja que no Gráfico 2, observa-se a aderência de 78,26% dos 46 gestores entrevistado. Nela é questionado se a TI possui um orçamento específico.

É importante que a TI possua flexibilidade junto a sua Diretoria para pleitear melhorias em seus processos. Possuir um orçamento específico agrega valor para todo o negócio, pois traz poder de decisão ao Gestor e pode trazer mudanças significativas, quando se quer transformar processos. Um exemplo sobre transformação é o investimento na implantação de métodos ágeis. Para Nerur (2005), a utilização de métodos ágeis no desenvolvimento de software tem como características intrínsecas a flexibilidade e rapidez nas respostas a mudanças. A agilidade, para uma organização de desenvolvimento de software, é a habilidade de adotar e reagir rapidamente e apropriadamente a mudanças no seu ambiente e por exigências impostas pelos clientes. Isso fundamenta o propósito da existência de uma TI parceira de negócio. Estar alinhada a satisfação de seu cliente, investindo nas melhores práticas do mercado.

GRÁFICO 3 — Pesquisa de Ciclo de Adoção de Nova Tecnologia

Fonte: BERALDO, 2017.

No Gráfico 3, a pesquisa informa a tendência dos gestores na adoção de métodos ágeis ao seu negócio. O gráfico demonstra o ciclo de aderência dos gestores, mesmo que tardiamente como informa Mendes (2018), no percentual de 34%.

O importante para este processo é a criação de uma nova cultura/mindset para o ambiente organizacional conforme destaca brasileiro (2017), sendo possível fomentar o ambiente onde você está, baseados nos valores que os métodos ágeis compartilham como comunicação, feedback constante, colaboração com o cliente e constante adaptação, conforme demonstra Nerur (2005).

GRÁFICO 4 — Pesquisa sobre Infraestrutura de Testes — Operações

Fonte: PINTO et al[1]., 2018. (Entrevista a Profissionais do Setor de TI).

[1] PINTO, A. S. et al. A importância da automação de testes em devops. 2018. 92f. TCC (MBA em Métodos Ágeis e Práticas DevOps) — Faculdade Ietec, Belo Horizonte, 2018. Publicado.

O Gráfico 4 reflete dois cenários distintos : O departamento de TI realizando a disponibilidade de recursos para seus clientes internos a medida que são solicitados, na sua grande maioria por processos manuais (onde não podemos mensurar tempo de atendimento, qualidade do serviço prestado e comunicação) , mas para os 63,41% dos entrevistados os serviços solicitados são atendidos pela TI, onde seus ambientes disponibilizados de acordo com as necessidades de seus projetos e segregados para assegurar a qualidade dos testes a serem realizados. Será que esta cultura é DevOps? Temos também uma aderência de 12,20% de investimento em ambientes disponibilizados em tempo real — Infrastructure as servisse (IAAS), que são premissas do DevOps. Segundo Wootton (2013), processos manuais são propensos a erros/falhas e o caminho é a automação.

GRÁFICO 5 — Pesquisa de Métricas de Qualidade

Fonte: PINTO et al[1]., 2018. (Entrevista a Profissionais do Setor de TI).

[1] PINTO, A. S. et al. A importância da automação de testes em devops. 2018. 92f. TCC (MBA em Métodos Ágeis e Práticas DevOps) — Faculdade Ietec, Belo Horizonte, 2018. Publicado.

Neste último tópico do artigo, será discutido como os entrevistados estão diante da cultura, maturidade em suas organizações. Foram escolhidos dois itens da pesquisa realizada com os gestores de Tecnologia muito relevantes que servem como reflexão sobre o nível de maturidade, transformação entre as organizações que estão inseridos.

No Gráfico 5 foi apresentado o resultado pelos entrevistados, sobre utilização de métricas para avaliar equipes, qualidade de seus projetos, processos internos. Para 45,65% dos entrevistados as métricas são utilizadas para melhoria dos processos de qualidade, para 41,30% dos entrevistados não existem métricas implementadas e para 13,04% as métricas são geradas, mas não são utilizadas.

Para gerar transformação, gerar melhorias, é necessário gerenciar, acompanhar todos os processos e falhas acontecidas em processos anteriores. Portanto, como gerar novos valores, criar mindsets, ou criar uma cultura DevOps se não há como medir o que tem sido realizado pela equipe? Nos projetos em execução? Saber o que deve ser aprimorado, inovado? Maturidade exige acompanhamento e gerenciamento. Como defende Brasileiro (2017) é das falhas que é possível garantir o aperfeiçoamento e gerar novas metas.

GRÁFICO 6 — Pesquisa de Retrospectiva e Aprendizado

Fonte: PINTO et al[1]., 2018. (Entrevista a Profissionais do Setor de TI).

PINTO, A. S. et al. A importância da automação de testes em devops. 2018. 92f. TCC (MBA em Métodos Ágeis e Práticas DevOps) — Faculdade Ietec, Belo Horizonte, 2018. Publicado.

No Gráfico 6 foi analisado o conceito de feedback / retrospectiva / lições aprendidas junto aos entrevistados e como são estabelecidos estes processos nas empresas que atuam.

Para 39,96% dos entrevistados, há feedback através das reuniões agendadas, para 21,74% dos entrevistados há uma grande interação entre as equipes para prover reuniões, para 13,04% há feedback imediato, para 8,70% há feedback através de reuniões e para 8,70% o feedback não é uma prioridade. Foram elencados os cinco primeiros resultados. Neles pôde-se observar alguns pontos importantes:

- Promover métodos ágeis, segundo Nerur (2005), baseando sobre o manifesto ágil em um dos seus princípios: Indivíduos e interações sobre processos e ferramentas; logo se praticamos qualquer tipo de método ágil, temos que gerar as equipes retorno sobre todos os processos executados e compartilhar lições aprendidas. Estas reuniões devem ser algo constante.

- Onde não existe interação entre indivíduos, não há aprendizado e melhorias nos processos existentes. Para se criar uma “mentalidade”, uma nova cultura, este processo de retrospectiva/feedback deve ser algo disseminado entre os gestores e comum no ambiente organizacional. Para Hutterrmann (2012), somente se aplica DevOps com meios de comunicação e colaboração, o que resulta em produtividade e qualidade das entregas.

5 CONCLUSÃO

Neste artigo foram tratados comportamentos, situações e características que podem auxiliar na implantação de métodos ágeis e práticas DevOps, bem como a disseminação de uma nova mentalidade e cultura organizacional e sua importância. Concluiu-se que ser ágil, em sua essência, trata-se de uma forma de pensar, ser e agir (mindset) e não apenas de novos métodos, ferramentas que transformam projetos fracassados em sucessos absolutos da noite para o dia.

Avaliou-se que a mudança maior e menos arriscada que o DevOps pode promover não reside nas ferramentas, mas nas pessoas. Quando se trata de promoção de mentalidade, o DevOps desempenha um papel importante em fazer as mudanças que levarão as equipes à frente.

Identificou-se como oportunidade de análises futuras, o papel das consultorias especializadas na implementação dos métodos ágeis e práticas DevOps nas empresas. Qual o melhor método de transformar e disseminar novos conhecimentos para as empresas, como criar valores às pessoas, onde todos trabalharam pelo bem comum, premissa do DevOps. Já que é perceptível a grande aderência das organizações em buscar uma nova metodologia que gere valor, eficiência, eficácia, excelência nas entregas e satisfação dos clientes. Este trabalho pode servir de fonte para outros estudos dentro do contexto de métodos ágeis, e práticas DevOps e mindsets.

REFERÊNCIAS

BERALDO, F. Curva de adoção: conheça a difusão de inovação. Blog Ciclo Agência Digital, 2017. Disponivel em: <http://blog.cicloagenciadigital.com.br/curva-de-adocao/>. Acesso em 28 maio 2018.

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HUTTERRMANN, M. DevOps for Developers. Blog Michael Hüttermann, 2012. Disponível em: <http://huettermann.net/devops/>. Acesso em: 10 abr. 2018.

MENDES, M. O trem ágil chegou: em qual estação você vai embarcar?. Blog Médium 2018. Disponivel em: <https://medium.com/@marco_s_mendes/o-trem-%C3%A1gil-chegou-em-qual-esta%C3%A7%C3%A3o-voc%C3%AA-vai-embarcar-e> Acesso em 8 maio 2018.

MERIGHI M. A. B; PRAÇA, N. S. Abordagens teórico-metodológicas qualitativas: a vivência da mulher no período reprodutivo. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2003.

NERUR, S.; MAHAPATRA, R.; MANGALARAJ, G. Challenges of migrating to agile methodologies. [S.l.]: ACM, 2005 Disponível em: < https://cacm.acm.org/magazines/2005/5/6219-challenges-of-migrating-to-agile-methodologies/abstract>. Acessado em 17 abr. 2018.

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Amanda Pinto

Head of DevOps | Founder DevOps Bootcamp | DevOps Institute Ambassador | DevOpsDaysBH Organizer | DevOpsBH & CNCFBH Organizer @devopsbootcamp